Você já usa a linha de balanço no processo de produção das suas obras? Se esse termo ainda é novidade para você, então saiba que essa ferramenta pode ser a responsável por várias melhorias nas obras da sua construtora ou incorporadora.
Estamos falando de uma metodologia muito usada no Lean Construction, e que se destaca por ser ser simples, eficaz e ajudar muito na gestão de obras.
Por isso, neste artigo eu vou te mostrar o que é a linha de balanço, quais são seus 3 fundamentos básicos e 7 vantagens de usar essa metodologia no seu dia a dia. Vamos lá?
O que é a linha de balanço?
A linha de balanço é uma ferramenta e metodologia de planejamento que permite otimizar e visualizar, de uma forma rápida e simples, todas as informações necessárias para fazer uma gestão eficaz da execução de sua obra.
Ela é uma ferramenta de planejamento baseada em locais ou lotes de produção, no qual:
- o eixo vertical indica os locais;
- e o eixo horizontal mostra uma escala de tempo.
Desta forma, no gráfico, temos a visualização do fluxo dos pacotes de trabalho com o seu ritmo de produção sendo indicado pela sua inclinação em relação aos eixos. Assim, conseguimos visualizar a continuidade do fluxo de sua produção e os estoques de atividades em processo devido às diferenças de ritmos entre as equipes.
Em outras palavras, com a linha de balanço é possível ver de uma forma clara não só as regras de precedência entre as atividades. Mas também se os conceitos de fluxo contínuo, ritmo de produção, estoque zero, balanceamento e sincronia entre as atividades estão mantidos nos diversos pacotes de trabalho.
A linha de balanço é essencial para o Lean Construction. Porque uma obra com processos fora de sintonia gera paralisações nas atividades, adiciona processos desnecessários, aumento custos e atrasos.
Já com a linha de balanço é muito mais fácil achar problemas que levariam a esses cenários e corrigir ou simular cenários de produção de uma forma rápida e intuitiva.
Entenda os 3 fundamentos básicos da linha de balanço
Há três fundamentos básicos que você precisa conhecer e dominar: o ritmo, o fluxo contínuo e as repetições em série. Cada um deles tem um papel específico em manter a produção em sintonia.
Veja quais são as funções de cada fundamento:
1. Ritmo
O ritmo de produção se refere ao valor obtido pela adequação do que deve ser entregue nos lotes, ou ao final de cada etapa da sua obra, e o prazo em que isso deve ser entregue. Por exemplo, se seu empreendimento possui 24 pavimentos e são entregues dois pavimentos por mês, você levaria 12 meses para concluir todos os pavimentos.
Então, de uma forma global o ritmo de produção pode ser calculado de forma precisa utilizando as seguintes variáveis:
- Unidades de repetição (n): definimos as unidades como lote de produção, e no exemplo acima elas seriam os pavimentos;
- Duração total (DT): essa é a duração total do projeto;
- Tempo de mobilização (Tm): esse elemento é visto como o tempo total das atividades iniciais que não acontecem nas unidades de repetição. Por exemplo, mobilizações, limpeza do terreno, fundações etc.;
- Tempo de base (Tb): o tempo necessário para executar a primeira unidade de repetição;
- Tempo de ritmo (Tr): o tempo necessário para executar as unidades restantes;
- Ritmo (R): definido pela quantidade de unidades necessárias e o tempo disponível para entregar as unidades.
Visualizando melhor no gráfico acima, podemos concluir que o Ritmo (R) é matematicamente definido como a inclinação da reta, sendo esta:
Com o cálculo do ritmo global, o ideal é dimensionar as atividades de forma que elas tenham ritmos de produção similares, com o objetivo de balancear a produção e atingir o fluxo contínuo.
2. Fluxo contínuo
O fluxo contínuo é um dos mais importantes princípios do Lean Construction. Ele envolve executar as atividades sem que haja choques ou interrupções após o seu início, de forma que tenhamos uma continuidade na agregação de valor ao produto.
As interrupções nas atividades da sua obra geram desperdícios, como:
- tempos de parada desnecessários;
- necessidades de remanejamento das equipes para outras atividades
- setups desnecessários;
- aumento do estoque em processo;
- e redução da produtividade das equipes.
Agora, um ponto importante:
Em alguns casos, não é possível manter o mesmo ritmo de produção para as diferentes atividades de sua obra. Seja por conta do processo produtivo, escopo de cada pacote, uso de equipamentos, dentre outros motivos. Essa diferença de ritmo pode quebrar o fluxo das atividades na obra caso você não tenha o cuidado de calcular as latências entre elas.
Lembre-se que o cálculo das latências afeta diretamente o plano de produção e, se não for feito com bastante cuidado, pode gerar um planejamento com diversas quebras no fluxo contínuo de produção
3. Repetições em série
Ao planejar sua obra com linha de balanço, você perceberá que suas equipes de produção estarão realizando um mesmo pacote de serviço em diferentes locais de produção. Essa repetição da execução de um mesmo escopo de atividades ao longo dos diversos locais de sua obra é o que chamamos de repetições em série.
Tais repetições em série têm uma influência extremamente benéfica para a produtividade nos canteiros. Isso porque ela gera o efeito aprendizado, no qual as equipes de trabalho, à medida em que evoluem nos lotes de produção, vão conhecendo mais os detalhes do serviço a ser executado.
E isso resulta em um aumento de produtividade que, dependendo das condições e características da obra, pode chegar a até 25% em relação à produtividade no primeiro ciclo de produção.
Em algumas tipologias de obras, o lote de produção ou unidade de repetição é clara e bem definida. Por exemplo: uma obra de edifícios verticais que apresenta a mesma arquitetura, que se repete ao longo da torre, ou condomínios com execução de casas com mesma arquitetura.
Nesses casos, para uma mesma equipe produtiva, cada uma das atividades de uma mesma etapa de trabalho deverá ter a mesma duração. Mas nem sempre é assim.
Em outros casos, quando não é tão fácil identificar as repetições, deve-se partir da definição da Estrutura Hierárquica de Zonas de Trabalho (EHZT). Nesse caso há lotes definidos por espaço com base na quebra de uma área de seu projeto em zonas menores, que passam a ser as unidades básicas de planejamento e controle de sua obra.
Obras não repetitivas
Aliás, a linha de balanço pode ser também utilizada mesmo que na sua obra não haja unidades de repetição de fácil visualização. Confira:
Quando isso acontece, a linha de balanço representa o fluxo dos pacotes de trabalho ao longo dos lotes de produção, definidos na EHZT. Além disso, ela busca manter os conceitos de ritmo e fluxo contínuo que vimos nos dois fundamentos anteriores.
Um exemplo prático disso é o uso da linha de balanço no planejamento das áreas comuns de edifícios residenciais. Nelas não é possível visualizar de forma simples os lotes de produção pelas delimitações do projeto de arquitetura.
7 vantagens de usar a linha de balanço nas suas obras
Saber como a linha de balanço funciona não é suficiente. Por isso, agora eu vou te mostrar 7 vantagens de usá-la no dia a dia das suas obras. Os motivos são:
1. Identificar o ritmo ideal de execução
Durante as diversas fases da sua obra, cada atividade tem um ritmo próprio de execução. Ao observar a linha de balanço é possível enxergar os espaços de tempos improdutivos, bem como os estoques de atividades em processo que em cada momento de sua obra.
Então, partindo dessa análise extremamente visual, fica muito fácil definir o ritmo de execução geral das atividades de forma a não perder o fluxo contínuo e correr o risco de termos desperdícios durante a execução da obra.
2. Planejar e controlar a logística e consumo
A linha de balanço torna muito mais fácil o processo de planejar e controlar a logística e consumo de materiais, equipamentos e demais insumos no canteiro. Isso é possível tanto em períodos de curto, médio e longo prazo de sua obra.
E qual o efeito disso?
Esse planejamento torna possível reduzir os estoques e o espaço para armazenamento nos canteiros, além de diminuir a exposição de caixa de sua obra.
Dessa forma, esse planejamento ajuda a definirmos um ritmo de fornecimento para os nossos principais insumos e reduz os estoques e espaços para armazenamento nos canteiros. Além disso, diminui a exposição de caixa de sua obra.
3. Gestão otimizada da mão de obra de produção
Outra vantagem da linha de balanço é que ela torna mais fácil visualizarmos e simularmos os possíveis fluxos. Assim, aproveitamentos mão de obra reduzindo a rotatividade dentro do canteiro.
Além disso, a definição dos pacotes de trabalho (agrupamentos de serviços para a aplicação da linha de balanço) reduz os deslocamentos e setups da mão de obra.
Para a gestão dos empreiteiros, o uso da linha de balanço é de fundamental importância. Porque a quebra de fluxo das atividades e necessidade de relocação de equipes por parte dos terceirizados representam grandes perdas para os empreiteiros.
4. Possibilitar o surgimento do efeito aprendizagem
Não é novidade que a repetição de uma atividade aumenta a proficiência em realizá-la, e com o uso da linha de balanço isso é inevitável. Dessa forma, o ganho é notório: ajuda os gestores a reduzirem gastos extras, como tempo, e melhorar o resultado final de uma mesma etapa de trabalho.
Além disso, as diversas repetições de um mesmo serviço proporcionam a possibilidade de comparações entre diferentes equipes. Assim, é possível registrar e validar índices de produtividade. Com isso, acaba proporcionando maior assertividade no planejamento e gerenciamento de obras futuras.
5. Visualizar atividades que se desviam do planejamento inicial
Mesmo com a produção enxuta é possível que algumas atividades se desviem do plano inicial. Mas com a linha de balanço é mais fácil ver como cada atividade influencia as demais etapas da obra.
Assim, com essa informação e uma visão ampliada do processo, você será capaz de controlar o impacto que cada atraso ou adiantamento que a execução causa no cronograma geral do empreendimento.
6. Apontar diferentes possibilidades na execução da obra
Seja pela alteração da ordem de execução de etapas, duplicação das equipes ou ajuste na composição dos pacotes de trabalho, a linha de balanço aponta diferentes possibilidades para o plano de ataque à obra.
E isso sem mencionar o ganho de velocidade de execução da obra. Afinal, a linha de balanço oferece uma visão unificada do conjunto de atividades e ações que você precisa realizar, de forma a agilizar o seu ritmo de produção.
7. Facilitar sua tomada de decisão
Por último, mas não menos importante, você terá na linha de balanço uma importante ferramenta de apoio à tomada de decisão. Visto que a linha de balanço é clara e simples de visualizar, fica muito mais fácil saber qual caminho seguir a partir das informações recebidas.
Assim, fica evidente que a linha de balanço é uma metodologia ideal para fluxos de produção em obras que querem ter os ganhos da construção enxuta. Com seus três fundamentos básicos, ela é capaz de trazer vários benefícios e manter a obra operando em nível máximo de eficiência, sem desperdícios, o que reduz muito as chances de atraso.
Isso sem mencionar, contudo, o ganho de velocidade de execução da obra. Afinal, a linha de balanço oferece uma visão unificada do conjunto de etapas e ações que você precisa realizar ou ordenar para agilizar o ritmo de construção.
E você, já viu alguma obra que usava a linha de balanço como forma do controle de fluxo de trabalho? Então me conta aqui nos comentários!
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