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ESG na construção: o que é e por que começar

ESG na construção: o que é e por que começar

André Quinderé
10 de novembro de 2022
3 min

A sustentabilidade tem se tornado uma pauta constante nos ambientes de negócios pelo mundo. Nesse sentido, a sigla ESG tem ganhado cada vez mais protagonismo, gerando uma nova onda para vários setores, como na construção civil. Mas afinal, o que é o ESG e como ele influencia no dia a dia das obras?

O termo foi criado em 2004 em uma publicação chamada Who Cares Wins, iniciativa conjunta entre o Banco Mundial e a organização Pacto Global. Cada letra representa um dos três pilares que sustentam seus princípios. Assim, ESG significa:

  • Environmental (responsabilidade ambiental): são as práticas corporativas que colaboram com a conservação do meio ambiente. Iniciativas como a preservação de recursos naturais, redução da emissão de carbono, diminuição do uso do papel, proteção à biodiversidade e promoção da eficiência energética são exemplos.
  • Social (responsabilidade social): consiste na relação da empresa com as pessoas e comunidades. Isso engloba políticas de enfrentamento às desigualdades, respeito aos direitos humanos e consonância à segurança e legislação trabalhista.
  • Governance (governança corporativa): diz respeito a princípios aplicados na gestão da organização. Inclui a garantia de independência do conselho de administração, políticas de transparência e mecanismos para prevenir e investigar casos de corrupção, discriminação e assédio.

A importância do ESG na construção civil

A construção civil ocupa um lugar de destaque quando se fala da aplicação de políticas ESG. Devido ao uso de materiais e energia, reduzir o impacto ambiental deve ser uma das maiores prioridades do setor.

Para se ter uma ideia, dados da Global Alliance for Buildings and Construction indicam que, em 2019, o setor foi responsável por 38% das emissões globais de gás carbônico (CO2). Mas, segundo o mesmo levantamento, a construção civil já começou a utilizar soluções para reduzir esses números.

No mesmo ano, os investimentos na construção de edifícios energeticamente eficientes aumentaram, chegando a mais de 150 bilhões de dólares. A ONU já se dirigiu diretamente ao ramo para que essa questão seja enfrentada

Contudo, embora a questão ambiental seja a mais proeminente quando se discute ESG na construção, a responsabilidade social e a governança não podem ser deixadas de lado. Os consumidores modernos estão cada vez mais atentos às práticas sociais das empresas, dando preferência àquelas que apresentam propósitos.  

Em um seminário da Câmara Brasileira da Industria da Construção (CBIC), Vinícius Benevides, vice-presidente do Sinduscon-Rio, argumentou que, logo mais, o ESG deixará de ser apenas uma opção e se tornará uma obrigação. Isso deriva tanto das exigências do mercado quanto de mudanças na legislação. “Nosso mercado já está caminhando nessa agenda”, avalia. 

Foco na governança

Muitas empresas da cadeia construtiva, devido à natureza do negócio, acabam tendo uma forte interação com o setor governamental, para a execução de obras públicas. Essa condição demanda que essas relações sejam transparentes e éticas.

Carlos Alberto Borges, vice-presidente de tecnologia e sustentabilidade do Secovi-SP, avalia que empresas de todos os tamanhos devem ter cuidados. “Muitos dos princípios ESG relacionados à governança corporativa já são familiares às empresas de capital aberto. Contudo, as de pequeno e médio porte também podem, e devem, implantar boas práticas de governança”, diz.

Por que adotar práticas ESG na construção?

Na pesquisa O Premium de ESG: novas perspectivas sobre valor e performance, a consultoria McKinsey sublinha a importância de praticar iniciativas sustentáveis. A maioria dos executivos e profissionais ouvidos pelo estudo acredita que a execução de programas sociais, ambientais e de governanças geram valores positivos em curto, médio e longo prazo.

O ESG tem causado impactos cada vez maiores para a efetivação de investimentos. Um levantamento da consultoria PwC aponta que muitos investidores aceitam, inclusive, abrir mão de parte da lucratividade no curto prazo em prol de implementar políticas ESG. 

Essas iniciativas são valorizadas até mesmo no decorrer de processos de aquisição. O estudo revela que executivos estariam dispostos a pagar um valor até 10% maior para incorporar uma empresa com atitudes positivas relacionadas aos princípios ESG. Assim, construtoras devem agregar as boas práticas do ESG para despertar interesses maiores de investidores.

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O ESG está norteando as grandes construtoras pelo mundo!

Criando valor com ESG

Em outro artigo, os especialistas da McKinsey enumeraram cinco elementos da implementação de práticas ESG que resultam na criação de valor para uma empresa no mercado:

  1. Crescimento de receita: empresas que protagonizam iniciativas ESG conseguem atrair um público maior e mais engajado. Mais de 70% dos consumidores de diversas indústrias pagariam até 5% a mais por um produto sustentável. Além disso, medidas sustentáveis sólidas facilitam a obtenção de licenças, autorizações e impulsionam a expansão a novos mercados.
  2. Redução de custos: políticas ESG executadas com eficácia auxiliam na contenção ao aumento de gastos operacionais, como os relacionados a matéria-prima, água e carbono. A consultoria registrou que esse fenômeno pode afetar o lucro operacional em uma taxa de até 60%.
  3. Redução de intervenções regulatórias e legais: a consistência nas políticas de ESG ajuda a diminuir o risco da construtora ser alvo de alguma ação governamental adversa. Não só isso! Tal solidez gera suporte do poder público, aliviando pressões regulatórias e abrindo a possibilidade da busca de subsídios, por exemplo. Assim, reduz-se a pressão regulatória e aumenta-se o grau de liberdade para elaborar estratégias.
  4. Aumento da produtividade dos funcionários: a coerência das propostas ESG contribuem para atrair e reter talentos com qualificação e comprometimento. Mais ainda, resulta em colaboradores mais motivados, devido ao senso de propósito e, dessa maneira, aprimorando a produtividade geral dos canteiros.
  5. Otimização de ativos e investimentos: Uma sólida proposta de ESG pode melhorar o retorno sobre os investimentos com a alocação de capital em oportunidades mais promissoras e sustentáveis. Assim, as empresas também conseguem evitar a estagnação dos seus investimentos, que podem deixar de gerar retorno devido a questões ambientais. 

Para levar em conta na hora de implantar:

Em um artigo, Marcelo Figueiredo, membro do Comitê de Inteligência Estratégica da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) da CBIC, aponta que a cobrança por projetos com licenças sociais está aumentando. 

A partir das novas demandas, o ESG permite que as empresas da construção melhorem suas imagens perante sociedade civil, clientes e investidores. Com isso, mais projetos são viabilizados. Segundo Figueiredo, para um modelo de implantação de conceitos e práticas de ESG em projetos de capital, deve-se levar em consideração:

  • Os objetivos devem estar claros, transparentes e os dados precisam ser comparáveis
  • Os Relatórios de ESG se destinam a diversos stakeholders, portanto devem refletir genuinamente os valores e a qualidade da gestão e governança
  • As políticas devem estar desdobradas e sua implementação deve ser medida por indicadores
  • Pesquisa do setor e as agências de risco e estabeleça um monitoramento estruturado e ativo
  • Debate sobre temas de longo prazo, como as convergências entre ESG/análise financeira e a avaliação do projeto e sua viabilidade
  • Informações de progresso e ferramentas de monitoramento devem estar sempre disponíveis.

ESG na construção: o exemplo prático da MRV

Uma das maiores construtoras do país, a MRV, é referência na América Latina em relação às iniciativas ESG. A empresa mira uma série de metas em relação ao ESG, por meio da adesão ao Pacto Global da ONU e ao compromisso com a Agenda 2030. Assim, suas iniciativas são norteadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

As ações sustentáveis da MRV perpassam toda a sua cadeia produtiva, desde a construção, a partir da gestão de resíduos, à entrega dos empreendimentos aos clientes. Para isso, a construtora executa programas baseados nos seguintes pilares:

  • Desenvolvimento social: busca integrar os colaboradores e a comunidade à sociedade. O programa Escola Nota 10, por exemplo, já levou o ensino básico a mais de 4.800 colaboradores da empresa. Também há programas de promoção à diversidade e igualdade de gênero.
  • Gestão de gases do efeito estufa: a elaboração de inventários de emissões aponta que os maiores emissores do ramo são os fornecedores de cimento, concreto e aço. Atualmente, todos os apartamentos construídos pela MRV são carbono zero, devido a medidas de compensação.
  • Governança: a empresa produz, anualmente, um relatório de sustentabilidade, mensurando as suas iniciativas e metas ESG. Dessa forma, a companhia institucionaliza e solidifica as ações, além de comunicá-las com clareza a seus investidores. 
  • Pacto Global: signatária da Visão 2030, a MRV é embaixadora do 11° objetivo de desenvolvimento sustentável, que diz respeito a cidades e comunidades sustentáveis. 
  • Energia: preza pela otimização do gasto energético, por meio da implantação de energia fotovoltaica em seus empreendimentos, projeto de micro usinas e busca por soluções de energia renovável. 
  • Cadeia de fornecedores: a empresa rastreia o processo produtivo de seus fornecedores e parceiros comerciais. Assim, as compras de insumos não se baseiam somente nos preços ofertados, mas também na produção responsável e ética.  

Conclusão

A construção civil está cercada por uma série de desafios ambientais, sociais e de governança que impactam diretamente nos canteiros e nos negócios. Lidar com esses temas está se tornando uma exigência valorizada pelo mercado, e as empresas precisam se ajustar a essa nova realidade. 

Para isso, muitos nomes do ramo precisam passar por um processo de adaptação, com planejamento e investimentos. Olhando para o futuro, contudo, essas iniciativas tendem a trazer grandes benefícios com a redução de custos operacionais e melhoria na imagem da marca.

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