Você já teve dificuldades em enxergar se os avanços realizados em sua obra estão de acordo com o planejado? Já tentou enxergar tendências em custos e prazos, mas não conseguiu projetar esses resultados de sua obra? Se a resposta para uma das duas perguntas foi sim, provavelmente faltou uma ferramenta como a curva S para a sua obra.
Se você não sabe direito o que é a curva S ou como ela pode ajudar nas suas obras, vai gostar de ler o que eu preparei neste artigo. Afinal, estamos falando de uma ferramenta que ajuda na visualização de desvios e de tendências futuras para sua obra.
Diversas empresas já utilizam a curva S tanto para validação de seus planejamentos quanto para o acompanhamento de suas obras, pois ela serve como base para implantação da metodologia de Análise de Valor Agregado (AVA), na qual é possível acompanhar de forma integrada o desempenho do custo e prazo do seu projeto.
Nesse sentido, sempre que vou dar aula, eu gosto de explorar o seguinte exemplo para explicar a curva S:
– Caso minha obra esteja gastando menos que o planejado, em uma dado mês de sua execução, eu posso afirmar que estou economizando em relação ao meu orçamento?
A resposta seria “sim” somente se minha obra estivesse realizando as tarefas rigorosamente conforme o planejado. Caso esteja atrasada em relação à curva planejada, essa visão somente do custo pode apresentar uma distorção em relação ao real status da sua obra. Por isso é recomendável utilizar a curva S como ferramenta de gestão integrada de prazo e custos de projetos.
A partir de agora, eu vou te mostrar o que é a curva S, por que ela é tão importante na construção civil e como aplicá-la da forma certa em todas as suas obras.
O que é a curva S?
Em resumo, é uma ferramenta de gestão que mostra como um determinado recurso de produção é utilizado ao longo do tempo em um projeto. Para ficar mais fácil de entender, vamos pensar juntos no ciclo normal do recurso de produção dinheiro (gastos) ao longo do tempo em uma obra.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar do seguinte:
Em qualquer obra existem algumas tarefas que levam mais tempo, mesmo quando não custam tanto dinheiro. E o contrário também é verdade: algumas partes da obra custam mais caro, mesmo que seja bem rápido para cumpri-las.
Além disso, uma obra tradicional não começa com o nível máximo de gastos no canteiro de obras. Pelo contrário, no início há menos trabalhadores e menos tarefas a fazer. Logo, o número de horas trabalhadas e de dinheiro gasto é menor.
Com o avanço da obra e a execução da estrutura, tudo aumenta: com mais gente no canteiro e mais materiais e ferramentas em uso, resultando em um aumento nos gastos. É exatamente esse “pico” (na etapa de execução) que dá a nossa curva o formato que tem.
E conforme a obra se aproxima do fim, o nível de gastos volta a diminuir, considerando que estamos analisando uma obra bem planejada onde já entramos na etapa de desmobilização, se aproximando de como era no início do projeto.
O importante é entender que existe uma dinâmica de como o recurso de produção (neste caso, o dinheiro) se comporta ao longo do tempo em sua obra. E a curva S torna essa dinâmica clara e evidente representando de uma forma gerencial o somatório da distribuição desse fator, podendo ser em um valor absoluto ou percentual, e facilmente adaptado à realidade da sua obra.
E a linha do gráfico parecida com um “S” diz respeito ao comportamento da distribuição dos recursos ao longo da obra. Ou seja, pouco no início, muito no meio e diminuição no final, conforme podemos ver na imagem abaixo.
Por que a curva S é importante para a construção civil?
Estamos falando de uma ferramenta utilizada em diversos tipos de projeto, mas na construção civil ela é de fundamental importância devido à forma simples que ela mostra aos gestores além dos desvios de prazos e custos, os desvios de produtividade nas tarefas realizadas.
Pois além da curva S de custos, que utilizamos em nossos exemplos até aqui, na construção civil também é utilizado como fator de produção o recurso trabalho.
Percebam que independente da unidade (m², m³, und., m. etc.) ou natureza das atividades que estamos controlando em nossa obra, a curva S permite que as agrupemos em um único gráfico.
Esse agrupamento é o que torna a ferramenta tão utilizada em nossos projetos, pois ela permite ao gestor analisar o status global de sua obra em um único gráfico. Com o objetivo de deixar mais claro o funcionamento e objetivos dos tipos de curva S, vamos detalhá-los a seguir
Curva S de trabalho
A curva S de trabalho é aquela que tem como fator de produção o tempo de mão de obra gasto em cada tarefa. Com ela você consegue comparar o Homem/Hora (HH) planejado com o efetivamente realizado em seu projeto, e visualizar como está a eficiência da sua equipe de produção e qual a carga de trabalho ainda restante para a efetiva conclusão da sua obra.
Mas qual período você pode usar na curva S de trabalho? Você é quem decide. O período pode ser de um mês, três meses ou outra janela de tempo que faz mais sentido para a realidade da sua obra.
Curva S de custos
Já a de custos acompanha os gastos orçados no decorrer do tempo de obra. Se na curva de trabalho você sabe quanto tempo de trabalho foi planejado de forma acumulada, aqui você tem clareza de quanto dinheiro você projetou gastar naquele período.
Mais uma vez, isso é útil para saber se o orçamento está sendo gasto dentro do cronograma normal da obra. Aliás, você se lembra do fluxo que comentei acima, em que a obra começa devagar, sobe de produção e depois baixa de novo? Com a curva S de custos e de trabalho você sabe se este ciclo está efetivamente acontecendo em sua obra, e se ela está dentro de o que seria o padrão para uma obra com a produção bem planejada.
Qual tipo de curva S é melhor?
Se você está se perguntando isso, saiba que você não precisa escolher entre um e outro, pois pode usar os dois em conjunto. Mas é importante entender como as duas ferramentas funcionam para interpretar o que elas dizem do jeito certo. Por exemplo:
Vamos supor que você está trabalhando na obra de um condomínio de casas e precisa comprar e instalar todas as fechaduras na última semana de trabalho.
A instalação é simples e rápida, então só vai usar 1% do HH total, ou seja, 1% do tempo de mão de obra total. Apesar disso, o investimento financeiro é enorme, e constitui 50% do custo da obra.
O que você entenderia se olhasse para os dois tipos de curva S sem entender o que eles representam?
Na prática, a obra avançou em 99% do trabalho, mas só gastou 50% do orçamento planejado. Sem utilizar as 2 visões em conjunto poderíamos ser levados a concluir que essa obra estaria atrasada, pois ainda teríamos à realizar 50% dos gastos orçados, por isso em alguns casos é recomendável que seja feita uma análise em conjunto das 2 tipologias de curvas.
6 vantagens de usar a curva S nas suas obras
Apesar de saber como a curva S é importante, ainda vale a pena destacar algumas vantagens bem claras de usá-la nas suas obras a partir de agora. Entre outros motivos para usá-la, estes aqui merecem sua atenção.
A curva S:
- mostra o desenvolvimento da obra do início ao fim;
- auxilia na validação do planejamento inicial da obra;
- funciona muito bem tanto em pequenas obras quanto em empreendimentos mais longo e complexos;
- permite que você veja facilmente o andamento de sua obra em relação ao planejado (nas variáveis custo e prazo);
- permite que você faça uma apresentação rápida da evolução do projeto;
- serve para visualizar tendências de prazo de término e orçamento total de obra.
Em outras palavras, ela dá clareza ao processo de gestão e pode fazer a diferença entre ter uma obra atrasada e acima do orçamento ou uma obra pontual e lucrativa.
4 dicas para usar a curva S com sucesso numa obra
Agora você já sabe o que tem a ganhar com a curva S nas suas obras, mas ainda falta saber como colocar essa ferramenta em prática para ter todos os resultados que citei aqui. E a boa notícia é que gerar a curva S é bem simples e prático, com a ferramenta certa.
O grande cuidado que você precisa ter é algo que já falei aqui:
Saber como interpretar os dados que a curva S apresenta. Isso vai ter grande impacto na qualidade das decisões que você toma durante a obra e pode determinar o sucesso do projeto como um todo.
Com isso em mente, aqui vão 4 dicas simples para te ajudar a usar a curva S com sucesso numa obra:
1. Considere a curva S logo no início
Você pode (e deve) utilizar a curva S em obras já em andamento, mas o recomendável é pensar no uso da ferramenta desde a etapa de planejamento da obra.
Isso porque é necessário que se tenha uma compatibilização entre planejamento e orçamento, para que se consiga gerar a curva sem grandes retrabalhos.
2. Não use a curva S como única ferramenta
É muito importante destacar que, apesar de ser uma ótima ferramenta, a curva S não tem condições de trabalhar sozinha para fazer a gestão completa de uma obra. Há muitos outros elementos que precisam de atenção e que você só pode gerenciar com um sistema especializado e completo.
Aliás, quando você usa a curva S em conjunto com uma solução completa o poder da ferramenta fica ainda maior e mais evidente.
3. Use uma ferramenta de qualidade para gerar sua curva S
Você até pode gerar a curva S da sua obra em uma ferramenta de planilhas, como o Excel. Mas a verdade é que existem soluções melhores e muito mais práticas, já alinhadas com um sistema de acompanhamento de obras.
Um exemplo disso é o Agilean, um software de acompanhamento de obras que tem, entre outras funções, o recurso de gerar a curva S. E o melhor: você consegue gerar utilizando a versão gratuita da Agilean. Assim, você ganha tempo e eficácia em todo o processo de gestão da sua obra.
4. Adapte a curva S à sua realidade
Por fim, vale a pena destacar que a curva S é uma ferramenta bem democrática, ou seja, ela funciona muito bem tanto para obras pequenas quanto para obras grandes. Então, cabe a você adaptar a curva S à sua realidade e fazê-la trabalhar para você do modo certo.
O importante é que a curva passe a fazer parte das rotinas de planejamento e controle de produção de sua empresa e que os parâmetros planejados nela sejam atualizados e aferidos rotineiramente de forma que seja possível tomar suas decisões baseadas em 3 informações “chave” que podem ser tiradas de sua curva S, sendo elas:
- Valor planejado do fator de produção (ex.: desembolso planejado para o período);
- Valor agregado do fator de produção (ex.: desembolso medido conforme o valor orçado das atividades realizadas);
- Valor real do fator de produção (ex.: desembolso efetivamente realizado no período).
Com essas informações é possível utilizar sua curva S para aferir o resultado até agora e prever tendências futuras de forma simples e práticas utilizando indicadores e técnicas de Análise de Valor de Agregado. Apesar disso, não se esqueça de unir a curva S com outro sistema de acompanhamento de obras, pois isso vai trazer ainda mais resultados à sua empresa, além de uma gestão integrada.
E aí, qual a sua maior dúvida com respeito a aplicar a curva S nas suas obras? Me conta aqui nos comentários! E lembre-se: você consegue gerar curva S para a sua obra utilizando a versão gratuita da Agilean. Acesse agora mesmo!